Foram retirados 2 milhões de registros de clientes inadimplentes nos 5 primeiros dias do programa
Cerca de 2 milhões de registros de clientes que tinham dívidas bancárias de até R$ 100 foram retirados pelos bancos nos primeiros cinco dias do programa Desenrola Brasil. Ou seja, foram desnegativados. As renegociações atingiram cerca de R$ 500 milhões em volume financeiro em cerca de 150 mil contratos de dívidas. Os dados foram divulgados pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos) no último sábado (22).
“Os números reforçam o compromisso dos bancos brasileiros com o sucesso do programa Desenrola Brasil”, disse a entidade em seu portal. A federação dos bancos ainda reforça que cada instituição bancária tem sua própria estratégia de negócio e, por isso, adota políticas próprias para adesão ao Desenrola Brasil. Os clientes poderão aderir ao programa até o dia 31 de dezembro.
“As condições para renegociação das dívidas, nessa etapa, serão diferenciadas e caberá a cada instituição financeira, que aderir ao programa, defini-la”, complementou a Febraban, que ainda reafirmou que apoia o programa idealizado pelo governo federal para “reintroduzir pessoas com restrição de crédito na economia”.
Para se ter ideia, somente a Caixa Econômica Federal havia informado na sexta-feira (21) que havia renegociado aproximadamente R$ 51 milhões em dívidas nos primeiros dias do programa. A instituição divulgou que espera aumento nesse número de renegociações, já que possui 13 milhões de clientes com dívidas.
Outra instituição bancária do governo, o BB (Banco do Brasil) informou que encerrou a primeira semana do Desenrola Brasil com renegociações de cerca de R$ 1 bilhão em dívidas. O BB divulgou que 75,8 mil clientes refinanciaram débitos entre os dias 17 e 21 de julho.
As renegociações para demais públicos inadimplentes, micro e pequenas empresas e pessoas físicas em geral foram o foco das renegociações pelo BB, além, claro, das pessoas físicas com renda de até R$ 20 mil. No caso do BB, clientes interessados em renegociar a inadimplência podem utilizar o aplicativo ou o site da instituição. Já as pessoas físicas podem acessar a página da instituição na internet. As empresas devem fazer a solicitação no site.
DESENROLA BRASIL
O Desenrola Brasil, que possibilita a renegociação de dívidas com instituições financeiras credenciadas pelo BC (Banco Central), teve início no último dia 17 de julho. Segundo a Serasa, cerca de 900 mil dívidas haviam sido renegociadas nos canais da entidade na primeira semana do programa Desenrola Brasil. As solicitações foram 80% maiores que a média de procura por acordos na plataforma Serasa Limpa Nome. A Serasa tem parceria com os bancos que integram o programa.
O Desenrola Brasil terá três etapas. Nas duas primeiras, as dívidas de até R$ 100 serão “perdoadas” pelos bancos, a chamada “desnegativação”. Os débitos abaixo desse valor vão continuar existindo, porém, pelo programa as instituições bancárias se comprometem a não negativar os correntistas, ou popularmente chamado de “sujar o nome”, por causa desses débitos.
Ou seja, se o correntista possuir outros débitos na lista de cadastro negativo, fica com o “nome limpo”, o que possibilita poder comprar a prazo novamente, contrair empréstimos ou acordar contratos de aluguel, por exemplo. Esse acordo foi um pré-requisito firmado pelo governo com os bancos para que as grandes instituições pudessem participar do programa.
Também será possível renegociar dívidas com essas instituições, o que deve trazer alívio a aproximadamente 30 milhões de devedores. A adesão dos credores, beneficiários e bancos ao programa é totalmente voluntária.
FAIXA 1
Essa faixa é destinada a quem tem renda mensal de até dois salários mínimos (R$ 2.640) ou que esteja inscrito no Cadúnico, iniciativa do governo federal para identificar e conhecer as famílias brasileiras de baixa renda. Nessa faixa poderão ser renegociados débitos de até R$ 5.000, contraídos entre o dia 1º de janeiro de 2019 e 31 de dezembro do ano passado.
De acordo com a pasta da Fazenda, o Desenrola Brasil deverá estar disponível à população brasileira até setembro. Em agosto deve haver um leilão para definir quais credores serão contemplados. O valor mínimo da parcela será de R$ 50, com possibilidade de dividir em até 60 vezes, com juros a 1,99%. O prazo de carência será no mínimo de 30 dias e de no máximo, 59 dias.
O pagamento das parcelas poderá ser tanto por débito em conta ou boleto bancário quanto por Pix. Além do benefício, os devedores ainda terão direito a curso de educação financeira. Após feita a renegociação, no caso de inadimplência, o beneficiário poderá voltar a ficar com o nome negativado.
FAIXA 2
Nessa faixa as renegociações deverão ser realizadas entre os devedores e as instituições bancárias nas quais existem os débitos. Em contrapartida, essas instituições terão incentivos do governo para que aumentem a oferta de crédito. Segundo a pasta, aproximadamente 30 milhões de indivíduos devem se beneficiar nesta faixa.
FAIXA 3
A terceira etapa está programada para setembro, na qual deverá haver adesão de devedores com renda de até dois salários mínimos (R$ 2.640) ou que estejam inscritos no Cadúnico (Cadastro Único para Programas Sociais), com dívidas cujos valores de negativação não ultrapassem R$ 5.000.